10.2.11

Idosos

Aumenta número de abandonos em hospitais
O Hospital Amadora-Sintra tem neste momento 46 idosos,
sem qualquer problema clínico, a ocupar camas
porque não têm para onde ir.
É uma situação que se repete em todo o país e cada vez
mais. Alguns são pura e simplesmente abandonados,
outros fi cam porque as famílias não têm condições para
os receber em casa, nem para pagar um lar privado.
Adélia Gomes, coordenadora do Serviço Social do Hospital
Amadora-Sintra descreve a situação no seu hospital:
“Temos várias situações, à volta de 46 casos, que
refl ectem de facto pedidos que estão remetidos à Segurança
Social para colaboração. Dado que as famílias
manifestam insufi ciência económica para resolverem
os casos, outros não têm sequer família e esses idosos
vão permanecendo em camas de hospital unicamente
por motivos sociais”.
Adélia Gomes acrescenta, ainda, que o número de
utentes não pára de aumentar e que das mais de sete
mil pessoas que solicitam ajuda, quase metade são idosos.
“Relativamente ao último ano, embora os dados
não estejam totalmente fechados, tudo aponta para
que o serviço social deste hospital tenha atendido um
total de 7431 utentes, o que refl ecte um acréscimo de
utentes em relação ao ano anterior na casa dos 6,2%,
ou seja, houve um aumento de 439 casos. São doentes
de todas as faixas etárias, mas os idosos representam
46%, é de facto um grupo signifi cativo que recorre aos
serviços sociais deste hospital”, explica Adélia Gomes.
Também no Hospital de Santa Maria o número de pedidos
de ajuda tem aumentado. O ano passado subiu 6%.
No ano passado, explica Maria da Conceição Patrício,
directora do Serviço Social, mais de 140 pessoas receberam
alta clínica, mas permaneceram no Hospital.
“Dos internamentos que tivemos em 2010, 10.969, só
tivemos 145 situações em que a alta clínica não coincidiu
com a alta social. Na medicina o número foi mais
alto, 1,8%, nas neurociências, por causa da psiquiatria”,
afi rma.
“Rede não é para todas as situações”
Neste momento, o hospital está a pagar para que idosos
possam sobreviver acompanhados. Oito idosos aguardam
resposta de instituições como a Santa Casa da Misericórdia,
mas há um novo problema a surgir, segundo
Maria da Conceição Patrício: “Há muitas situações
que são só casos sociais que não podem ir para a rede.
Neste momento, temos situações que foram integradas
na rede, para convalescença, que muitas vezes saem
para a urgência, e depois voltamos a ter o problema
de doentes que não sabemos para onde vão a seguir. É
importante que as pessoas percebam que a rede não é
para todas as situações”.
No Porto, no Hospital de Santo António, vive-se hoje
uma situação diferente, que nem os funcionários conseguem
explicar. Filomena Baptista, directora dos serviços
sociais do Hospital, explica que neste momento
há um único caso desses. O número de idosos abandonados
ou entregues aos hospitais é uma realidade em
todo o país e tem vindo a aumentar. Por isso mesmo são
precisas respostas e soluções. Filomena Baptista sugere
a criação de uma comissão dedicada a este problema.