18.12.20

DEZOITO

Pelos vistos a minha vida está marcada pelos dia dezoito. Nasci a 18 de Abril, a 18 de Dezembro de 2002 tive um Enfarte Agudo do Miocárdio, e hoje 18 de Dezembro de 2020 faz 18 anos que tal aconteceu. Coincidência ou não, não consigo determinar, mas que estes dias são marcantes na minha vida, são.
Foi um dos dias mais difíceis da minha vida, aquele em que sem nada que o fizesse prever, me fez ir de urgência para a Hemodinâmica do Hospital de Santa Marta, onde fui sujeito de imediato a uma angioplastia, onde me colocaram 4 stents no coração, de modo a que a circulação sanguínea fosse restabelecida devidamente.
Contrariamente ao que me acontece hoje, em que já não receio a morte, naquele já longínquo dia pensei que ia partir e lembro-me perfeitamente, já que estive sempre acordado, de ter pedido por várias vezes para não me deixarem morrer. E assim aconteceu. Por volta desta hora (19:00) já tinha acabado o procedimento e fui transferido para a  Unidade de Cuidados intensivos onde permaneci durante 24 horas. Transferido para a enfermaria, onde deveria estar 48 horas na cama, no dia seguinte levantei-me cedo, fui tomar banho, e pus o pessoal do hospital todo em alvoroço porque não estava na cama e não me encontravam, quando eu apenas tinha ido até à portaria para ver onde estava. 
No dia 23 fui transferido para o serviço de medicina do Hospital de Caldas, onde estive internado até ao dia 30 de Dezembro de 2002, tendo passado o Natal com o pessoal do serviço, já que era o único doente que estava autorizado a levantar-se. Foi óptimo e diferente passar essa noite e esse dia festivo com desconhecidos e que eu adoptei como família, tal foi a excelência do tratamento que me proporcionaram.
Dezoito anos depois, não podia deixar de, publicamente, agradecer a todos quantos contribuíram para que até hoje eu nunca mais tenha tido qualquer problema cardíaco.
Os meus mais sinceros agradecimentos vão para:
- Os funcionários do Hotel Fénix que foram aqueles a quem pedi ajuda;
- Aos elementos da viatura de emergência médica e da ambulância que me atenderam e transportaram;
- A toda a equipa médica e de enfermagem dos serviço de hemodinâmica, cuidados intensivos e internamento, bem como a todas as auxiliares do Hospital de Santa Marta;
- À equipa da ambulância dos Bombeiros que me transportaram para as Caldas;
- A toda a equipa médica, de enfermagem e a todas as auxiliares do serviço de medicina do Hospital de Caldas da Rainha;
UM GRANDE, GRANDE MUITO OBRIGADO

10.1.20

CHEGA. ATINGI O LIMITE!

QUANDO EU OUÇO E VEJO GRANDE PARTE DA MAIORIA DOS JOVENS DESTE PAÍS A DEFENDEREM A DIREITA, CONTRA OS VERDADEIROS BANDIDOS DA ESQUERDA, SINTO VERGONHA E TENHO NOJO DA VERDADEIRA ESCUMALHA QUE EXISTE HOJE EM DIA EM PORTUGAL.
NÃO EXISTEM ADJECTIVOS PARA CLASSIFICAR ESTA GENTE QUE VAI GERIR O FUTURO. CONTINUEM ASSIM E TALVEZ DAQUI A MUITO POUCOS ANOS SERÃO ESCRAVOS DA DIREITA E DA EXTREMA DIREITA QUE JÁ OS MANIPULOU E IRÁ CONTINUAR A FAZÊ-LO, ALIÁS COMO A GRANDE MAIORIA JÁ O É HOJE EM DIA.
MAS NÃO SÃO SÓ OS JOVENS A TOMAREM POSIÇÕES DESTAS, TAMBÉM OS MAIS VELHOS, E A GRANDE MAIORIA RETORNADOS QUE VIVERAM DA EXPLORAÇÃO DOS AFRICANOS, PARA ALÉM DE DEFENDEREM A DIREITA, SÃO, SALVAGUARDANDO MUITA GENTE BOA QUE CONHEÇO, COMO ALIÁS SEMPRE FORAM E SEMPRE SERÃO, RACISTAS E XENÓFOBOS, QUE ATACAM FEROZMENTE OS PRETOS QUE ASSASSINARAM UM JOVEM BRANCO EM LISBOA, MAS IGNORAM OS BRANCOS QUE ASSASSINARAM UM AFRICANO EM BRAGANÇA.
ACABOU TUDO AQUILO QUE TENHO SIDO OBRIGADO A "ENGOLIR EM SECO", E COMO FARTO QUE ESTOU DESTA GENTALHA, NÃO ME VOLTAREI A CALAR E DENUNCIAREI PUBLICAMENTE TODAS AS COISAS ERRADAS CONTRA A QUAIS LUTEI E SEMPRE LUTAREI ATÉ AO FIM DA MINHA VIDA.
MALDITA A HORA EM QUE UM GRANDE HERÓI DESTE PAÍS, AMEAÇOU ENCERRAR UNS QUANTOS BANDIDOS NO CAMPO PEQUENO E "PASSÁ-LOS" À BALA, E NÃO O FEZ.

25.1.19

VENEZUELA

Mundo Português

O que se passa na Venezuela?

O que se passa na Venezuela?
Juan Guaidó autoproclamou-se esta quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
“Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres”, declarou.
Para Juan Guaidó, “não se trata de fazer nada paralelo”, já que tem “o apoio da gente nas ruas”.
O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.
Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.
A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas”.
Os Estados Unidos, o Canadá, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, o Equador, o Chile e a Costa Rica também já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Até agora, só o México anunciou que se mantém ao lado de Nicolás Maduro.
A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Esta crise num país outrora rico, graças às suas reservas de petróleo, está a provocar carências alimentares e de medicamentos.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação deverá atingir 10.000.000% em 2019.
 Comunicado nº 06/2019
 São Paulo, 24 de janeiro de 2019
Breno Altman: "Elite parasita e corrupta comanda o golpe na Venezuela"

Interesses econômicos dos EUA nas riquezas naturais ajuda a entender o "ódio" a Maduro dentro e fora do país


A crise política e econômica enfrentada pelo presidente Nicolás Maduro na Venezuela foi provocada pela conjugação de interesses entre os Estados Unidos e seus aliados, de olho nas riquezas minerais do país, e a própria burguesia venezuelana. Essa é a interpretação de Breno Altman, jornalista e fundador do portal Opera Mundi, sobre a tentativa de golpe registrada nesta quarta-feira (23). Para ele, as manobras dos últimos dias não têm o objetivo de fortalecer a democracia.

Altman classifica a elite venezuelana como “parasita” e “corrupta”, acostumada a viver da renda do petróleo e do desvio de dinheiro público. Em relação ao reconhecimento do governo autoproclamado de Juan Guaidó pela diplomacia brasileira, o jornalista aponta que o bolsonarismo faz um "jogo de subserviência" aos EUA e, ao mesmo tempo, aproveita-se para atacar os setores progressistas do Brasil – que  manifestaram apoio ao governo Maduro.

Confira os principais momentos da entrevista:

Brasil de Fato: O que motiva a pressão internacional sobre a Venezuela?

Breno Altman: São duas razões fundamentais que mobilizam os EUA e seus aliados na questão venezuelana. A principal é o controle das riquezas naturais, principalmente do petróleo, mas também do gás e do ouro. Cada vez mais, essas riquezas naturais são fundamentais para o desenvolvimento do capitalismo. Portanto, ter o controle, através das suas corporações, é um elemento essencial para o crescimento da lucratividade do capitalismo.

A segunda razão é geopolítica.  O mundo assiste hoje a uma crescente polarização entre EUA e China. Os americanos [estadunidenses] estão se posicionando para se defender do avanço da economia chinesa pelo mundo.

E como a Venezuela se encaixa nessa nova configuração geopolítica?

O espaço fundamental dessa disputa hegemônica [entre EUA e China] acontece justamente na Venezuela. É um país de grande importância na América do Sul, por suas riquezas naturais e pelo seu papel estratégico na disputa por hegemonia.

Mesmo depois de uma ofensiva conservadora que já dura mais de dez anos, que conseguiu derrubar os governos progressistas no Brasil, na Argentina e em outros países, a Venezuela é um bastião de resistência contra a hegemonia americana na América do Sul. E é também um país aliado da China e da Russia. É por isso que os EUA querem derrubar o governo Maduro.

Qual é a "cara" da oposição ao governo de Nícolas Maduro?

Os principais quadros da oposição conservadora da Venezuela vêm das elites, da burguesia e das camadas médias altas. Ela é uma burguesia parasitária, ou seja, parasita ao redor do petróleo.

A atividade da burguesia, desde que o petróleo passou a ser a principal atividade econômica do país, é a importação e a exportação. Ela se apropria dos recursos do petróleo, importa bens e vende esses bens no mercado interno.

O termo que se usava antigamente para definir isso era uma "burguesia compradora". É uma burguesia que não está comprometida com o desenvolvimento do país, com a industrialização, com nada disso. Ela parasita na renda do petróleo. Como, a partir do governo Hugo Chavez, esse parasitismo foi interrompido, foram fechados os dutos pelos quais a renda do petróleo passava para a burguesia parasitária da Venezuela, isso gerou uma oposição tremendamente raivosa.

Como se deu esse processo?

O chavismo tirou o “ganha-pão” de parte expressiva das classes dominantes e da classe média alta. Porque essa transmissão da renda do petróleo para a burguesia se dava por meios legais e ilegais. Por contratos superfaturados da PDVSA com empresas capitalistas, parte destes contratos era fraudada.

A Venezuela chegou a ser um dos países com o maior número de fundações do mundo. O que eram essas fundações? Um grupo de ricos de um determinado bairro criava uma fundação com foco em uma determinada ação social, recebia da PDVSA dez milhões de dólares para essa fundação e colocava um milhão em algum "projetinho" e embolsava nove milhões de dólares. Era esse o mecanismo que existia por lá.

Nas últimas 25 eleições, desde 1998, o chavismo venceu 23 e perdeu duas só. A maioria população do país apoia o projeto socialista?

Sim, o chavismo construiu uma maioria sólida ao longo de vinte anos. É evidente que a crise econômica afetou essa maioria. Houve um abalo em 2015, quando perdeu a maioria para a Assembleia nacional, mas ainda assim o chavismo tem conseguido manter, não uma maioria sólida como antes, mas uma maioria relativa.

Levando-se em conta as sanções internacionais, a pressão midiática, a sabotagem, a guerra econômica e todas as outras dificuldades, considerando todas as medidas de desestabilização às quais foram submetidas o chavismo e o governo Nicolás Maduro,  ter mais da metade do país apoiando o Maduro é um ativo político extraordinário.

Qual o papel da assembleia nacional venezuelana nesta manobra de golpe?

É o papel central. A estratégia do golpismo na Venezuela, desenhada pela Casa Branca, é a instituição do governo interino a partir do único foro controlado pela direita, que é a Assembleia Nacional.

A tese do golpe passa por criar uma institucionalidade que possa funcionar como uma ferramenta para dividir as Forças Armadas, para então abrir espaço para o chamado “apoio internacional”.

A Assembleia Nacional é a fonte da institucionalidade deste governo interino autoproclamado, que passa a receber o apoio dos países que são inimigos do chavismo. E também pode vir a receber os fundos venezuelanos que estão congelados nos EUA. O Trump pode decidir que o governo interino é o legítimo controlador desses fundos financeiros e transferir para a Assembleia Nacional a gestão dos fundos que foram congelados como parte das sanções contra o governo Maduro.

E qual poderia ser a consequência disso?

Esses fundos podem ser usados, por exemplo, para a Assembleia financiar as suas próprias Forças Armadas. Em uma situação de conflito, com levante de quartéis, com o início de um cenário de guerra civil, este governo interino pode pedir apoio internacional e a OEA (Organização dos Estados Americanos) poderia enviar uma das suas famosas missões de paz – que outra coisa não é do que intervenção estrangeira. Sob um manto de missão de paz, poderiam então agregar um determinado número de países, para estabelecer uma força de intervenção para derrubar o governo Maduro.

O governo brasileiro reconheceu rapidamente o governo autoproclamado na Venezuela. Que interesse pode haver por trás desse movimento?

Isso faz parte do projeto do "bolsonarismo" de alinhamento automático com o Departamento de Estado Norte-Americano. O Bolsonaro acredita que, quanto mais próxima, íntima e carnal for a sua aliança com os EUA, mais fácil para que os fluxos internacionais de capital venham para o Brasil.

A lógica é de uma dependência estrita aos centros capitalistas mundiais, e a solidariedade aos interesses americanos é fundamental. Um segundo elemento a ser levado em conta é que esse alinhamento contra o governo legítimo da Venezuela faz parte da guerra política, ideológica e cultural que o bolsonarismo faz dentro do Brasil contra as forças progressistas. De certa maneira, o governo Bolsonaro mira o governo Nicolás Maduro para acertar a esquerda brasileira.


Link da matéria: 
https://www.brasildefato.com.br/2019/01/24/breno-altman-elite-parasita-e-corrupta-comanda-o-golpe-na-venezuela/

O Direito à indignação

O Grupo Cofina detém 4 jornais, 5 revistas e um canal de televisão por cabo.
correio da manhã, destak, record,jornal de negócios, mundo universitário, sábado, tv guia, máxima e cmtv
(informação tirada do sítio do grupo)

Estrutura accionista
Participações qualificadas

Superior a 2% dos direitos de voto - nº de acções detidas - % directa de direitos de voto
Credit Suisse Group AG - 5.039.060 - 4,91%
Santander Asset Management -  2.177.423 - 2,12%

Superior a 5% dos direitos de voto - nº de acções detidas -  % directa de direitos de voto
VALOR AUTÊNTICO, S.A. - 7.719.360  - 7,53%

Superior a 10% dos direitos de voto - nº de acções detidas - % directa de direitos de voto
ACTIUM CAPITAL, S.A. - 13.386.332 - 13,05%
LIVREFLUXO, S.A. - 12.395.257 - 12,09%

Superior a 15% dos direitos de voto -  nº de acções detidas - % directa de direitos de voto
PROMENDO – SGPS, S.A. - 20.488.760 - 19,98%
INDAZ S.A. - 15.400.000 - 15,01%


12.4.18

ANTÓNIO BARRETO e as Televisões !!!


Copiado com a devida autorização ao João Hermano
É simplesmente desmoralizante. Ver e ouvir os serviços de notícias das três ou quatro estações de televisão é pena capital. A banalidade reina. O lugar-comum impera. A linguagem é automática. A preguiça é virtude. O tosco é arte. A brutalidade passa por emoção. A vulgaridade é sinal de verdade. A boçalidade é prova do que é genuíno. A submissão ao poder e aos partidos é democracia. A falta de cultura e de inteligência é isenção profissional.
Os serviços de notícias de uma hora ou hora e meia, às vezes duas, quase únicos no mundo, são assim porque não se pode gastar dinheiro, não se quer ou não sabe trabalhar na redacção, porque não há quem estude nem quem pense. Os alinhamentos são idênticos de canal para canal. Quem marca a agenda dos noticiários são os partidos, os ministros e os treinadores de futebol. Quem estabelece os horários são as conferências de imprensa, as inaugurações, as visitas de ministros e os jogadores de futebol.
Os directos excitantes, sem matéria de excitação, são a jóia de qualquer serviço. Por tudo e nada, sai um directo. Figurão no aeroporto, comboio atrasado, treinador de futebol maldisposto, incêndio numa floresta, assassinato de criança e acidente com camião: sai um directo, com jornalista aprendiz a falar como se estivesse no meio da guerra civil, a fim de dar emoção e fazer humano.
Jornalistas em directo gaguejam palavreado sobre qualquer assunto: importante e humano é o directo, não editado, não pensado, não trabalhado, inculto, mal dito, mal soletrado, mal organizado, inútil, vago e vazio, mas sempre dito de um só fôlego para dar emoção! Repetem-se quilómetros de filme e horas de conversa tosca sobre incêndios de florestas e futebol. É o reino da preguiça e da estupidez.
É absoluto o desprezo por tudo quanto é estrangeiro, a não ser que haja muitos mortos e algum terrorismo pelo caminho. As questões políticas internacionais quase não existem ou são despejadas no fim. Outras, incluindo científicas e artísticas, são esquecidas. Quase não há comentadores isentos, ou especialistas competentes, mas há partidários fixos e políticos no activo, autarcas, deputados, o que for, incluindo políticos na reserva, políticos na espera e candidatos a qualquer coisa! Cultura? Será o ministro da dita. Ciência? Vai ser o secretário de Estado respectivo. Arte? Um director-geral chega.
Repetem-se as cenas pungentes, com lágrima de mãe, choro de criança, esgares de pai e tremores de voz de toda a gente. Não há respeito pela privacidade. Não há decoro nem pudor. Tudo em nome da informação em directo. Tudo supostamente por uma informação humanizada, quando o que se faz é puramente selvagem e predador. Assassinatos de familiares, raptos de crianças e mulheres, infanticídios, uxoricídios e outros homicídios ocupam horas de serviços.
A falta de critério profissional, inteligente e culto é proverbial. Qualquer tema importante, assunto de relevo ou notícia interessante pode ser interrompido por um treinador que fala, um jogador que chega, um futebolista que rosna ou um adepto que divaga.
Procuram-se presidentes e ministros nos corredores dos palácios, à entrada de tascas, à saída de reuniões e à porta de inaugurações. Dá-se a palavra passivamente a tudo quanto parece ter poder, ministro de preferência, responsável partidário a seguir. Os partidos fazem as notícias, quase as lêem e comentam-nas. Um pequeno partido de menos de 10% comanda canais e serviços de notícias.
A concepção do pluralismo é de uma total indigência: se uma notícia for comentada por cinco ou seis representantes dos partidos, há pluralismo! O mesmo pode repetir-se três ou quatro vezes no mesmo serviço de notícias! É o pluralismo dos papagaios no seu melhor!
Uma consolação: nisto, governos e partidos parecem-se uns com os outros. Como os canais de televisão.

17.1.18

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS NO PROGRAMA SUPERNANNY DA SIC


Porque me parece ser de extrema importância, abaixo transcrevo na integra um texto duma Psicóloga.
"Quando soube que este programa viria para Portugal, calculei que não fosse algo positivo mas resolvi aguardar pelo primeiro episódio para perceber melhor o formato.
É com muita TRISTEZA que verifico que uma colega de profissão aceitou fazer parte deste programa e queria desde já deixar explícito que a sua conduta não representa a nossa classe profissional. Não só estão a ser violados os direitos mais fundamentais das crianças, como a postura desta profissional em nada se assemelha ao trabalho que é feito pelos profissionais de psicologia no seu contexto laboral. Para além disto, as estratégias dadas no programa não estão em conformidade com tudo o que já se sabe sobre desenvolvimento infantil. São completamente ANTI-PEDAGÓGICAS e resultantes de uma época em que na ciência prevalecia o behaviourismo, que passa por educar crianças com recurso ao condicionamento, como se de animais amestrados se tratassem. Ainda são estratégias muito comuns na nossa sociedade, por desconhecimento, sendo natural a sua utilização por parte da população. Contudo, é inadmissível que um profissional, que tem recurso à literatura actual e científica, as partilhe como sendo válidas e positivas.
Começando pela violação dos direitos das crianças, e porque é preciso chamar as coisas pelos nomes, expor um menor e as suas fragilidades ao mundo inteiro é um ABUSO à sua integridade psicológica. No mundo das audiências e da popularidade, há limites que não podem ser ultrapassados e quando o são é importante que se aja em conformidade e que não sejamos todos cúmplices dos maus tratos dirigidos a uma criança. As crianças são responsabilidade dos pais mas não são propriedade destes, pelo que cabe aos pais, e também aos adultos em geral, zelar pela sua protecção. Dar autorização para expor uma criança desta forma num programa televisivo é grave, indecente e não retira a responsabilidade do abuso. Neste sentido, vou pedir à Ordem dos Psicólogos que se pronuncie sobre este assunto e farei igualmente uma exposição à Entidade Reguladora da Comunicação e à Procuradoria Geral da República (quem quiser fazer o mesmo, deixarei um link no primeiro comentário deste post com as indicações dadas pela Academia da Parentalidade Consciente).
Em relação às estratégias, assistiu-se a uma tentativa de resolução dos problemas daquela família com base na observação directa e superficial dos comportamentos da criança. Todos os comportamentos negativos de uma criança expressam uma necessidade que não foi satisfeita e o que a psicóloga fez foi apenas olhar para a ponta do icebergue. Em nenhum momento foram consideradas origens mais profundas quanto às dificuldades daquela criança em tolerar a frustração. A profissional remeteu tudo para a falta de regras e de limites e para a incoerência materna (e isso qualquer um faz quando dá palpites desinformados). Quando um psicólogo atende uma família, precisa de ter uma perspectiva muito mais abrangente do historial da mesma, nomeadamente tendo em mãos vários aspectos da vida da criança desde o seu nascimento e nunca simplificando o comportamento da criança a uma simples relação de causa-efeito. O que a psicóloga fez, sendo conivente com o formato do programa, foi reduzir toda a vida emocional daquela criança a estratégias de punição e recompensas, como se de um penso rápido se tratasse e como se umas ofertas e uns castigos resolvessem toda a complexidade da situação.
Como é óbvio, depois das câmaras desligadas, aquela criança continuará a ter os seus problemas, porque estes não desaparecem por artes mágicas de uma salvadora de pais que toca à campainha dos mesmos. O público assiste a esta ideia de que tudo se resolveu, porque o programa precisa de vender e de se auto-legitimar. Passou a mensagem de que a criança se "recompôs" mas a única coisa que aconteceu foi uma criança que no meio da humilhação que o próprio programa representa, cedeu e conformou-se. A raiva interior, a instabilidade emocional e as repercussões de estratégias que não vão ao fundo do problema e que apenas servem para varrer emoções para baixo do tapete, continuarão lá e irão revelar-se mais tarde ou mais cedo.
A mãe desta criança vai perceber isso entretanto e espero que nessa altura procure ajuda profissional efectiva, na intimidade e privacidade da sua família, sem soluções milagrosas e sobretudo tendo em perspectiva a sanidade mental da sua filha a longo prazo. Os cantinhos do pensamento e as recompensas têm efeito apenas a curto prazo e não ensinam a criança a gerir as suas emoções e a ser responsável pelos seus comportamentos. O que eu vi naquela programa foi uma criança com imensas carências que não foram preenchidas e uma criança que desesperadamente procura a atenção da mãe com comportamentos desadequados. Vi também uma mãe bastante perdida que depositou toda a sua confiança em pessoas que se aproveitaram da sua fragilidade e que provavelmente não tem noção das consequências que tudo isto traz a si e à sua filha.
Por último, não posso deixar de comentar a altivez e a atitude de autoritarismo e superioridade da psicóloga, desde as suas expressões verbais como não verbais, criando esta ideia de que um psicólogo é um ser mais iluminado e competente que aqueles que atende. Quando se recebe uma família, é importante ter-se a humildade suficiente para não nos considerarmos uma autoridade inquestionável. Devemos estar ao mesmo nível da família e de criar uma aliança de igual para igual, tendo empatia e compaixão pelas batalhas que trava e nunca com uma atitude de julgamento e de crítica destrutiva. Confrontar pode ser necessário e isso é algo que pode e deve ser feito sem olhares sobranceiros, reprovadores e de humilhação. Todos temos telhados de vidro e nenhum profissional gostaria que, na sua vida pessoal, fizessem consigo o que ali foi feito com aquela família. A certa altura, a psicóloga aconselha a mãe a não bater na filha porque isso humilha a criança, sendo que a profissional nem se apercebe que está ela a própria a fazê-lo de forma implacável, a partir do momento em que acha razoável a criança ser exposta desta forma ao país. Com a postura condescendente e de esmola, de que está ali para a ajudar, cega-se assim o público do programa.
Espero sinceramente que algo seja feito e que as crianças que estão previstas aparecerem futuramente neste programa possam merecer a protecção que esta criança não teve. E que todos os que reconhecerem esta criança na rua, tenham muita compaixão por aquilo a que foi exposta, sem interferirem com a sua dignidade.
Espero também que as pessoas saibam que não é assim que um psicólogo que cumpre um código deontológico, mas sobretudo que cumpre um papel de humanização, trabalha com os seus pacientes. Não me revejo e estou segura de que a maior parte dos profissionais não se revêm no que se observou neste programa."
Ana Rita Dias - Apoio Psicológico Online 

12.1.18

"Os Vendilhões do Templo"

A ROADIS, um dos principais investidores multinacionais, operadora e gerente de concessões rodoviárias, chegou a um acordo para adquirir participações nas Auto Estradas do Atlântico (AEA) e Auto Estradas do Litoral Oeste (AELO).
A aquisição marca a entrada da ROADIS em Portugal, um mercado com uma estrutura de concessão madura e estabelecida, que é bem conhecido da Administração da ROADIS, devido à sua experiência na região. A aquisição das participações na AEA e AELO aumenta a exposição da ROADIS aos mercados desenvolvidos, proporcionando maior diversificação ao portfólio. Após o fecho da transação, o portfólio da ROADIS incluirá 10 concessões rodoviárias situadas em seis países em três continentes.
"Estas aquisições constituem uma parte importante da nossa estratégia de crescimento", disse José António Labarra, CEO da ROADIS. "Eles respondem ao nosso interesse em expandir a área de atuação da empresa em países desenvolvidos, e complementar a nossa presença nos mercados emergentes".
A transação deverá fechar no primeiro trimestre de 2018 e está sujeita às aprovações regulamentares usuais.
SOBRE A AEA
AEA é composta por duas rodovias com portagens, a A8 e a A15, que se estendem por um comprimento total de 170 quilómetros. A A8 é uma rodovia chave no corredor económico de Portugal entre Lisboa e Porto, principalmente como artéria principal para quem viajam para Lisboa dos bairros suburbanos circundantes. A A15 liga as cidades de Caldas de Rainha e Santarém, atuando como um eixo complementar nas rotas norte-sul. O contrato de concessão começou em 1998 e expira em 2028. Nos últimos três anos, o tráfego aumentou em mais de 8 % na AEA.
SOBRE AELO
A AELO opera sob um quadro de pagamento baseado em disponibilidade e abrange um total de 112 quilómetros da costa oeste de Portugal para o seu interior. É constituída por uma série de rodovias que fornecem uma conexão entre as principais rodovias norte-a-sul, incluindo a A1, a A8 e a A17 na região de Leiria, uma das regiões turísticas mais importantes de Portugal. O contrato de concessão iniciou em 2013 e expira em 2039.
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